segunda-feira, 12 de março de 2012

São Paulo, 07 de Março de 2012 - 17:50 Bosch: energia solar chegará ao Brasil já competitiva Executivo destaca queda de preços da tecnologia, mas diz que mercado local precisa crescer para atrair fabricantes Por Luciano Costa

A rápida queda dos preços de equipamentos para a geração de energia solar fotovoltaica deve fazer com que a tecnologia comece a ser implantada em maior escala no Brasil em um momento em que a fonte já estará competitiva - o que pode dispensar subsídios utilizados por outros países. A previsão é do gerente da divisão Solar Energy da Bosch, Philipp Guenther, que conversou com o Jornal da Energia. "Estamos em uma fase em que o mercado mundial oferece condições bem favoráveis. O preço para a maioria dos componentes tem caído de forma inacreditável. Isso vai permitir que o produto chegue ao Brasil a um preço bastante acessível. Já estamos nos aproximando de um preço competitivo com as fontes tradicionais", comenta. Guenther ressalta que o "o mercado brasileiro em si ainda não existe", mas lembra que o governo começou a falar em assuntos que devem ajudar o setor a deslanchar, como as regras para microgeração de energia e a realização de leilões de contratação de usinas. O gerente da Bosch conta que o burburinho do mercado aposta em uma regulação para a geração distribuída, o netmetering, "nos próximos meses", enquanto os leilões podem ser uma questão mais demorada a ser resolvida. No meio do caminho para a competitividade da fonte, porém, ainda estão os altos impostos brasileiros. "Começando por impostos de importação e tributos estaduais e locais, que resultam em um custo aqui acima do mundial. O governo também tem que pensar um pouco sobre incentivo, desonerar certos impostos e encargos. A partir daí teremos uma chance realista de competir com fontes convencionais", analisa. O desenvolvimento de uma demanda interna deve ser o primeiro passo para que o governo passe a cortejar a instalação de indústrias locais. Para Guenther, "é uma questão de ovo e galinha" e o País não pode esperar receber unidades produtivas antes de ter um mercado interno para os produtos. As placas fotovoltaicas da Bosch, por exemplo, são trazidas hoje da Alemanha. "Nenhum fabricante estrangeiro vai investir em fábrica local nas circustâncias atuais. Se você considera o mercado global hoje, tem empresas com sobras de produção. Numa situação assim, apostar em um mercado que ainda não existe é muito dificíl", explica. Para o gerente, a garantia de contratação de algo como 1GW em um período de três anos poderia ser um começo. "A Bosch quer estar presente nos mercados, mas isso, claro, significa que o mercado deve existir e ter um certo volume". Consolidação Os cortes de subsídios para a geração solar em países como Espanha, Portugal e Alemanha levou à quebra de muitas empresas fabricantes de protudos para o setor e contribuiu para estoques altos e queda nos preços. Guenther acredita que a indústria passa por uma fase de "consolidação" e que os grandes terão vantagens nesse processo. "Muitas empresas que venderam e deram garantias por 25 anos vão sair do mercado. Como fica essa garantia? No nosso caso, fotovoltaica é apenas um dos nossos negócios. Uma empresa como a Bosch dá garantia para 25 anos e sabe-se que estaremos no mercado daqui 25 anos. Muitas empresas vão fechar, tanto na Europa quanto na Ásia - e as mais fortes, com mais respaldo e tecnologia, vão sobreviver. O mercado vai se acalmar e isso vai ser bom para todo mundo", prevê. O gerente da Bosch também acredita que a microgeração será um grande vetor de desenvolvimento do setor solar no Brasil. "Com o netmetering, as empresas e centros comerciais, logísticos, que não necessariamente têm um alto consumo de energia, vão ver ficar cada vez mais interessante instalar uma placa fotovoltaica. É a tarifa que define a viabilidade (do investimento), e não a quantidade de energia utilizada", explica. Para Guenther, esses agentes devem se tornar um mercado "a curto prazo". Enquanto isso, as residências podem demorar mais para adotar a tecnologia. "O governo e as instituições financeiras deveriam pensar em algum tipo de financiamento incentivado para que o proprietário consiga instalar (os painéis)".